Whitney Houston morreu vítima de afogamento acidental, diz necropsia; havia cocaína no corpo da cantora
Do UOL em São Paulo
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Matt Sayles/AP
Whitney Houston é fotografada no Barbara Davis Center for Childhood Diabetes em 2006
A cantora Whitney Houston morreu vítima de afogamento acidental, informou nesta quinta-feira (22) o resultado oficial de sua necropsia. Segundo o relatório, o consumo de cocaína na noite de sua morte, somado a problemas cardíacos, contribuiu para o óbito.
Ainda de acordo com o documento, havia maconha, alprazolam (Xanax), ciclobenzaprina (Flexeril) e diphenhidramina (Benadryl) no sistema sanguíneo da artista. Essas substâncias, porém, não teriam influenciado diretamente em sua morte.
O médico legista Craig Harvey deu uma entrevista coletiva para a imprensa após a divulgação dos resultados. Segundo ele, Whitney havia consumido cocaína imediatamente antes de sua morte e tinha níveis "agudos" da substância em seu sangue.
Os exames também teriam apontado que a cantora era uma usuária "crônica" da droga. Harvey afirmou que as artérias dela estava 60% mais finas, uma consequência direta do uso contínuo de cocaína. Para ele, esse estreitamento foi a causa do problema cardíaco que levou a sua morte.
Em seguida à divulgação dos resultados, a família da cantora emitiu um comunicado, dizendo estar "entristecida por saber dos resultados toxicológicos, apesar de aliviada" pelo encerramento do caso.
Whitney foi encontrada morta na banheira de seu quarto de hotel, em Los Angeles, no último dia 11 de fevereiro. Ela tinha 48 anos.
"Garota de ouro"
Celebrada como "a garota de ouro" da indústria fonográfica entre as décadas de 80 e 90, a carreira de Houston andava ofuscada por problemas com drogas, bebida e violência doméstica.
No final de 2009 e início de 2010, após anos de luta contra a dependência química, ela ensaiou uma fracassada volta aos palcos. Na parte inicial de sua turnê britânica, parecia sofrer com falta de ar quando cantava. Em Paris, chegou a ser hospitalizada com uma infecção respiratória e adiou várias apresentações. Na Austrália, sua passagem foi vaiada por fãs e criticada pela imprensa especializada.
Whitney Houston chegou a vender 55 milhões de discos, só nos Estados Unidos. O sucesso a levou da música para o cinema, atuando em filmes como "O Guarda-Costas", com Kevin Costner, e "Falando de Amor", dirigido por Forest Whitaker.
Nessa mesma época, influenciou uma geração de cantoras como Christina Aguilera e Mariah Carey até que sua voz e imagem foram destruídas pelo uso de drogas e a vida pessoal tumultuada com seu último marido, o cantor Bobby Brown.
No final de sua carreira, Houston tornou-se célebre por abusar das drogas. As vendas de seus álbuns diminuíram, e sua imagem serena foi abalada por um comportamento violento e aparições públicas bizarras. Ela confessou ter abusado de maconha, cocaína e comprimidos, e sua voz foi ficando cada vez mais rouca, fazendo com que ela não conseguisse atingir as altas notas que a tornaram famosa.
"O grande mal sou eu. Não sou nem minha melhor amiga nem minha pior inimiga", disse a cantora em entrevista a Diane Sawyer em 2002.
Biografia
Whitney era filha da cantora gospel Cissy Houston, prima da diva dos anos 60 Dionne Warwick e afilhada de Aretha Franklin. Ela começou a cantar em igrejas ainda criança. Adolescente, fazia backing vocals para Chaka Khan, Jermaine Jackson e outros, e era modelo. Foi nesse período que o magnata da música Clive Davis ouviu falar da cantora.
"A primeira vez que a vi foi em um show de sua mãe... O impacto foi muito grande. Ouvir aquela jovem colocando fogo nas músicas. Provocou, de verdade, arrepios na espinha" , disse Davis ao "Good Morning America".
Pouco tempo depois, os Estados Unidos sentiram esse "arrepio" também. Houston gravou seu primeiro álbum, "Whitney Houston", em 1985. Foram vendidas milhões de cópias e suas músicas se tornaram sucesso. "Saving All My Love for You" rendeu à cantora seu primeiro Grammy, de melhor vocalista pop. "How Will I Know," "You Give Good Love" e "The Greatest Love of All" também se tornaram singles.
Seu segundo trabalho, "Whitney", de 1987, também teve grandes sucessos como "Where Do Broken Hearts Go" e "I Wanna Dance With Somebody".
O "New York Times" descreve a voz da cantora como "uma das melhores vozes gospel de sua geração". "Whitney evitava os maneirismos típicos do gênero, e usava frases evangélicas com moderação. Em vez de projetar vulnerabilidade e compaixão, ela comunicava força e auto-confiança, fazendo baladas pop majestosas."
A cantora deixa uma filha, Bobbi Kristina, fruto de seu casamento com Bobby Brown. Eles ficaram juntos entre 1992 e 2007.
*Com informações da Redação e das agências internacionais.